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24 de fev. de 2011

Kalil: Globo quer matar clubes; negociação é caso de polícia

Com essas palavras, o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, em entrevista exclusiva a Terra Magazine, por telefone, na noite desta quarta-feira (23), avaliou o impasse da venda dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014. "Isso é assunto de polícia", bradou.

- A Globo não quer pagar mais, não quer negociar, quer lucro de R$ 1 bilhão todo ano e matar os clubes. Ela trabalhou intensamente pra atrapalhar, pra avacalhar.

Agência Lance

Ele participou da comissão do Clube dos 13 que produziu um edital, publicado nesta quinta-feira, para a concorrência das emissoras de televisão aberta, cujo desfecho está marcado para 11 de março. Porém, essa iniciativa deve ser inútil, pois seis dos 20 times filiados à entidade já avisaram que tratarão diretamente com as TVs.

O Corinthians anunciou sua exclusão do grupo. Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo e Coritiba, contrariando o estatuto do Clube dos 13, rejeitaram a intermediação. Nos bastidores, outras equipes ameaçam seguir este caminho.

À Rádio Eldorado ESPN, o diretor-executivo do Clube dos 13, Ataíde Gil Guerreiro, prometeu levar essa polêmica ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), autarquia do Ministério da Justiça, que havia derrubado o privilégio da Globo de vencer a disputa comercial em caso de empate de propostas.

O dirigente ensaia denunciar a mais poderosa emissora do Brasil, alegando que ela cooptou clubes numa concorrência desleal e sem transparência. "Tenho certeza de que a Globo ganharia essa licitação, mas ela não quer arriscar, quer gastar menos", opinou. Atuam também nessa novela a Record e a Rede TV!.

A favorita

De maneira geral, a Globo é declaradamente a preferida do Clube dos 13 e de seus filiados. Pela tradição no futebol, pelo poder, pela excelência técnica, pela maior visibilidade ao longo da sua programação, pela audiência superior.

A ela, foi concedido o privilégio de ganhar a briga com uma oferta acrescida por um simbólico bônus de 10% do seu custo real.

Amparado em pesquisas de mercado, o Clube dos 13 estabelece valor mínimo de R$ 500 milhões pela exibição das partidas na TV aberta, o que corresponde a um aumento de 50% do preço vigente. Ainda calcula que a arrecadação anual a ser dividida pelos times alcançará, pelo menos, R$ 1,3 bilhão, reforçada pelos direitos de transmissão com canais pagos, web, telefonia e emissoras internacionais.

Diante desses valores inéditos, o atleticano Alexandre Kalil se enfurece com a desunião dos colegas, que impede o prosseguimento do projeto.

- Eles estão rasgando dinheiro. Não tem explicação. Não posso falar por eles. Eu quero receber mais dinheiro. Eles não gostam de dinheiro, querem os clubes de pires na mão. Que se expliquem. O CADE e o Ministério Público têm que olhar isso.

As cotas de TV são a principal fonte de receita dos maiores clubes do País, que acumulam dívidas milionárias. "Vai lá e pergunta pro presidente do Fluminense (Peter Siemsen), com sua gravatinha, por que ele não quer dinheiro. Não tem nem CT pra treinar, depende de uma empresa (para bancar seu departamento de futebol)", sugeriu Kalil, alvejando um dos dissidentes.

Sua indignação também se direciona ao Botafogo, participante da comissão que havia aprovado o edital. Outra bronca especial é com o Flamengo: "Semana passada, a (presidente) Patrícia Amorim pegou R$ 8 milhões do Clube dos 13. E agora sai?".

O presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, acusou a CBF de tentar dividir o Clube dos 13.

Kalil garante não saber quais clubes receberam empréstimos da Globo. Entretanto, não poupa os responsáveis pela cisão:

- Fiz minha obrigação. Tô decepcionado com a cara de pau de alguns dirigentes, não confio em nenhum deles. Não sei como chegam em casa e olham pra cara da mulher e dos filhos. Pro torcedor, não, que eles estão cagando pro torcedor.

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