1. No ambíguo código de ética dos cartéis mexicanos era proibido matar crianças. Eram colocadas “off limits”. Na secular Máfia siciliana, a regra também era essa. Restou quebrada quando essa organização delinquencial começou a sequestrar e assassinar com crueldade os filhos menores de ex-mafiosos que se tornaram colaboradores da Justiça: “pentiti” (arrependidos). As crianças, então, viraram vítimas da “vendetta” (vingança) mafiosa.
Os cartéis mexicanos, além de policiais, juízes, promotores de Justiça e membros de organizações rivais, deliberam alargar o campo das da violência para golpear crianças das famílias dos considerados “inimigos”.
Museu do tráfico no México: banho de ouro e de sangue |
Como a Máfia siciliana, os cartéis mexicanos produzem “cadáveres excelentes”: termo usado pelo escritor siciliano Leonardo Sciascia para ressaltar episódios geradores de repercussões nas mídias. Lógico, pela “excelência” das vítimas.
A guerra às drogas mexicanas teve início no primeiro dia do mandato do presidente Felipe Calderón: 1/12/2006. E ele, que colocou o Exército na guerra, teve o apoio financeiro do ex-presidente George W. Bush.
Entre 2006 e 2010, e em face da “guerra às drogas”, os cartéis mexicanos mataram intencionalmente 994 crianças. O levantamento é da Associação Mexicana de Proteção às Crianças.
Em 2009 foram mortas 1.180 crianças por balas perdidas da War on Drugs.
Para especialistas, a meta dos cartéis, ao assassinar crianças das famílias dos que são considerados inimigos, é aterrorizar a população, num país onde os valores da vida em família são cultuados fortemente.
Leão Branco encontrado em mansão de traficante |
As crianças são atingidas na cabeça por projéteis de armas de grosso calibre. Até agora, a War on Drugs mexicana do presidente Calderón produziu, de 1º de dezembro de 2006 a 31 de dezembro de 2010, mais de 34 mil mortos. Cerca de 70% das vítimas fatais não tinham ligações com atividades criminais.
PANO RÁPIDO. Outro dado da tragédia mexicana. Nos últimos três anos, em decorrência da guerra às drogas, 17 mil crianças ficaram órfãs. O governo Calderón criou um fundo para esses órfãos da violência.
Montanha de dinheiro apreendida em ação policial |
Wálter Fanganiello Maierovitch
Fotos revista galileu
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