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10 de out. de 2010

Os projetos de Yeda, ao apagar das luzes


Por Paulo Muzell

Um governo que começou mal e que termina pior. Aliás, que começou errando antes de iniciar. Recordem: Yeda teve frustrada uma desastrada tentativa de aumentar as alíquotas do ICMS no final de 2006, descumprindo promessa de campanha. Não conseguiu, foi fragorosamente derrotada e ainda rompeu com o seu vice-governador. A seguir tivemos uma sucessão interminável de episódios obscuros: a compra da casa com origem dos recursos não bem explicada, denúncias, brigas, bate-bocas, sucessivas trocas no primeiro e no segundo escalão, incontáveis denúncia de desvios de recursos e até o absurdo da compra de móveis e utensílios domésticos para a residência particular da governadora com recursos do Tesouro (??!!), CPIs e até a morte de um assessor muito próximo em circunstâncias suspeitas. Tentou a reeleição com um índice de rejeição próximo dos 50% obtendo menos de um quinto dos votos num terceiro lugar constrangedor. Não perdeu a pompa: nas entrevistas pós-derrota manteve o tom ufanista e arrogante de sua campanha. Declarou-se vítima da calúnia e da incompreensão, autoproclamando-se “a governadora que fez o Rio Grande crescer mais do que o Brasil”. Tal grau de alienação mereceria cuidados e atenção psiquiátrica.


Faltando setenta e poucos dias para terminar seu governo Yeda anuncia três importantes projetos cujos contratos deverão ser assinados ao “apagar das luzes” do seu governo: uma parceria público-privada (PPP) para gestão, por 28 anos, do complexo prisional de Guajuviras; uma outra parceria para construção da RS 010 e o projeto de revitalização do Cais Mauá, a ser desenvolvido pela iniciativa privada. Raul Pont, vice-líder do PT na Assembléia Legislativa, considerou preocupante que um governo, a pouco mais de dois meses do seu final firme contratos onerosos e por longos períodos, absolutamente questionáveis sob o ponto de vista do interesse público.

 
Questões fundamentais permanecem sem resposta no projeto do Cais Mauá. Quais são as contrapartidas do setor privado? A empresa vencedora da licitação poderá construir com índices favorecidos e zoneamento permissivo em zona nobre. O que dará em troca? Como fica a questão da acessibilidade? O projeto prevê um estacionamento para 5 mil veículos: quais são as mudanças previstas na infraestrutura viária? Qual o montante a ser investido? Existe projeto? Quem arca com o custo? A lei municipal do Cais Mauá aprovou zoneamento residencial, possibilitando a construção de prédios residenciais, contrariando a opinião da população expressa na consulta popular do Pontal do Estaleiro. Das quatro empresas que retiraram o edital apenas uma apresentou proposta. E a ANTAQ – Agência Nacional de Transporte Aquaviário – entrou com ação na justiça tentando impedir a realização do projeto nos moldes em que está sendo proposto. Pelo que se vê, seria um absurdo, nestas circunstâncias, proclamar o vencedor da licitação e firmar contrato.



Foto: Silvio Alves/Palácio Piratini

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