Rio – A afirmação de que José Serra (PSDB), se eleito presidente, vai vetar o projeto de lei que transforma em crime a discriminação a homossexuais, feita por seu vice, Indio da Costa (PSDB), causou revolta entre militantes do movimento gay de todo o País.
Indignados, os principais grupos de apoio a homossexuais do Rio se reúnem hoje para definir uma posição com relação ao candidato. Entidades nacionais serão consultadas para uma decisão conjunta e, na próxima terça-feira, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) também discute a possibilidade de fazer uma manifestação antes das eleições, de exigir a assinatura de um termo de compromisso ou divulgar carta de apoio à Dilma Rousseff (PT)
Como a coluna Informe do Dia mostrou ontem, Indio da Costa disse que ele e Serra atendem a um pedido de evangélicos. Segundo ele, o projeto de lei 122/2006 atenta contra a liberdade de expressão ao punir com prisão manifestações consideradas homofóbicas. Ontem, o pastor Silas Malafaia, da Associação Vitória em Cristo, admitiu que foi ele quem conversou com Indio, embora o candidato tenha divulgado ontem na internet que O DIA deturpou sua declaração. À noite, porém, Indio confirmou à Revista Veja sua posição.
“É uma lei esdrúxula, vergonhosa. Não é ser contra o direito dos homossexuais, é ser contra criminalizar quem é contra a prática homossexual”, disse o pastor Malafaia.
Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e membro do Conselho Nacional de Combate à Discriminação da Presidência, Cláudio Nascimento classificou a decisão como conservadora e reacionária. “A lei é importante para a demarcação dos direitos dos homossexuais, nada diferente da proteção contra o racismo e a intolerância religiosa”.
Para o presidente da ABGLT, Toni Reis, há um mal entendido na interpretação da lei. “Respeitamos as crenças religiosas. O que não pode é fazer apologia à violência. E quem assume a presidência deve cumprir a Constituição e garantir que ninguém seja discriminado”.
Ativista e deputado estadual eleito, o ex-BBB Jean Wyllys também criticou a decisão da chapa de Serra. “Acho lamentável que os dois façam concessão a grupos fundamentalistas cristãos, em vez de garantir os direitos das minorias”.
Candidato é polêmico e já foi alvo de CPI
Não é a primeira vez que o vice de Serra chama atenção por declarações e atitudes polêmicas ou ideias mirabolantes. Na campanha do 1º turno, por exemplo, Indio da Costa acusou o PT de ter ligações com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Em julho, o candidato disse que mais de um milhão e meio de pessoas já haviam acessado documentos postados por ele em seu Twitter que comprovariam o envolvimento do partido do presidente Lula com os narcoguerrilheiros. “É papo furado essa conversinha de que não pode falar mal do PT”, afirmou. O partido recorreu à Justiça por conta das declarações. Em 2005, Indio, então secretário municipal de Administração, foi alvo da CPI da Merenda, instalada na Câmara de Vereadores após reportagens de O DIA. O relatório final concluiu que a licitação causou prejuízo aos cofres públicos, mas a investigação foi arquivada pelo Ministério Público. O candidato ainda responde na Justiça a processo movido por taxista que o acusa de causar acidente de carro na Barra, em 2003. O motorista ficou com sequelas. Em 1997, o então vereador Indio da Costa quis proibir com um projeto de lei a prática de dar esmolas a mendigos. Propunha até mesmo o recolhimento a albergue de quem fosse flagrado, mas o projeto foi rejeitado por seus pares.
http://odia.terra.com.br/portal/brasil/eleicoes2010/html/2010/10/gays_protestam_contra_vice_de_serra_e_homofobia_115594.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário